R E T O R N O
Volto ao Rio grande do Norte,
como o filho que retorna,
A
casa materna.
Do exílio forçado foram-se os
anéis, ficaram os dedos e as mãos
Calosas.
Há cinqüenta anos atrás,
seguia a pé com minha mãe, buscar
Alimento na casa dos Saraivas
e dos Cabrais. Que se casaram com
Os
Botelhos.
Das Rocas, ao Grande Ponto, do
Baldo ao alecrim, nada é como
Antigamente.
Apenas a Igreja São Pedro
está incólume com sua torre
apontando o
céu.
Meu Deus! A ribeira já não é
a mesma. Se parece hoje comigo.
Vielas escuras, portas
fechadas, ruas desertas.
Sem risos, falatórios, festas
e flores, Sem Ferreira Itajubá fazendo
Versos e
empinando papagaio.
Nem Zé areias aprontando as
suas.
A Ribeira já não é a mesma
com forrós e frevos e a dança-de-coco.
Foi exilada dentro de sua
própria terra, parte de um corpo
Amputado.
Descriminada como eu, por
falar macaxeira e ter a cabeça-chata.
Esquecida por não ter
acompanhado o chamado progresso.
Ribeira dos mercadores, dos
carnavais, de todos os poetas.
Vamos observar, serenamente,
o painel de Dorian se desbotando
Na praça das
Mães.
Sem sofrer, ou pensar que
poderíamos ser diferentes, sem pensar
Na glória.
Deixa-me ficar contigo, até o
silêncio chegar, e alguém contar
A tua completa história.