UMA ROSA NA CALÇADA
Há uma rosa nascendo entre
pedras,
Cimento e cal
Latente, debaixo de edifício,
e praças,
Muros e gente.
Que desconhece o valor do seu
perfume,
Do tálamo e da cor…
Houve tempo em que os
pássaros, os poetas, os namorados,
Sonhava com esta rosa.
Bastava-lhe o simples rorejar
do amor
Para o cimo da
perfeição.
Rosa clandestina de um mural
sombrio
Diáfana em seu pobre
florescer.
Há uma rosa nascendo no
centro da cidade
No ritmo cadenciado dos
motores dos carros
Nos corações eivados de
paixões
Ângulo maior que São Gonçalo
augura
Rosa campestre, sibilina,
asfaltada
Quem me dera renascer!
E criança brincar
Com mãos verdas
E dizer
Poesia na calçada
Retirando uma pedra,
retirando duas pedras
E as rosas libertá-las
Rosa de Cal,
De pedra,
Do povo!
Afrontando os edifícios-gente
que a esmaga
Agarrada ao pendão-maior
agigantada em luzes
Sufocada na metrópole que
hoje é São Gonçalo
26/08/75
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