domingo, 24 de março de 2013


A LENDA DE SÃO GONÇALO         
para Luiz Lázaro Melo Bezerra


Conta a lenda que um poeta 
Quis conquistar sua amada
Mas foi difícil a empreitada
Sem a inspiração esteta
Foi na igreja rezar.
Levava nas mão avenas
Lírios brancos perfumados
Jasmins, rosário encantado
Pra São Gonçalo ofertar.

Qual não foi o seu espanto
Ao olhar na Santa igreja
Quis ofertar sua prenda
E não viu no altar o santo
E ali não pode rezar
E começou sua empreitada
Navegou por altos mares
Ouviu Cantos de Sereias
Em noites de luas cheias
Não conseguindo o encontrar
Andou em terra distante
Na verdade, estrangeira
Em Portugal, Amarante
Onde o Santo ali permeia
E foi com ele instar.
Conta a lenda que o poeta
Falou da necessidade
Do retorno imediato 
Do Santo. Para a cidade
Sua imagem retornar.

Minha cidade esquecida
Dizia o Santo. Lamento,
Haverá grandes mudanças
Se não for grande o intento.
E o amor não for maior.

Haverá pouca cultura
E a educação será pobre
E as ruas tão maltratadas
Será berço ou sepultura
Devido a pouca cultura

Homens bons se matarão
Esquecerão tempos idos
E os exemplos dos bandidos
Muitos deles seguirão.
Não haverá flores ou praças
E o direito de ir e vir
Nem mesmo o sino da igreja
Vocês ouvirão tinir
Adeus altar, campanário,
Nascerão apenas traças,
E no Zimbório as graças
Nenhum santo há de ouvir.
Crianças se corrompendo
A juventude esquecida
A sociedade perdida
A natureza sofrendo
E a política ganhando.
Conta a lenda que o poeta
Em Amarante, chorando,
Depositou lírio branco,
E rezou tantas novenas
Olhou suas mão pequenas
E o que podia fazer?
Retornou os mesmos mares
Pediu as ninfas as náiades
No azul do céu, às Plêiades
E ao rouxinol o seu canto
Para o retorno do Santo
A sua paróquia ao altar.
Ao Retornar tudo embalde
Nem Santo nem romaria
Nem mirra e nem alegria
Nem sombra pra descansar
Era verdade que o Santo
Abandonara o altar.
Convocou a sociedade
Os estudantes, noviços
Crianças e os anciões
Os homens sérios na praça
Juristas e instituições
Trabalhadores sofridos
Educadores descrentes
As famílias e parentes
E fez grandes convenções
Pra São Gonçalo crescer.

Vereadores honestos
Percorriam esquinas bares                                                                                                    
Levavam palavras aos lares
Todos tinham que ajudar
Crescer. A ordem é crescer.

Em mutirão sem igual
Em prol do bem do direito
Foram falar com o prefeito
O perigo que corria 
E o porque ele for a eleito.

Jamais se vil tal trabalho
E todo mundo ajudando
Nas ruas praças, plantando,
Arvores, flores, a granel.
A saúde melhorada
A educação reformada
Era a luz na escuridão.
Que o infinito azulado
Vendo a cidade enfeitada
Refletia o céu no chão.

Conta a lenda que o poeta
Já com  mãos envelhecidas
Enfeitava as ermidas
Com flores, mirras, romãs
E o branco do alabastro
Ia buscar lá do astro
A luz de todas manhãs.

Um dia era o levante
Com suas rugas, o poeta
Suas mão tremulas, seus ais
Foi acender suas velas
Na prata dos castiçais
Quando viu uma luz mais bela

São Gonçalo de Amarante
Entre púrpuras ametistas
Resplendia a luz da estrela
Mais bela. Que sua vista
Quase não pode aguentar.

 Podes fazer teu poema
Que hoje é nova era.
Dizia o santo. Lanternas
Teu caminho há de o guiar.
 Mas, senhor a minha idade
Há muito já não me espera

Sobram-me  rugas no rosto
Mãos calosas, desgrenhadas,
É inverno, e o sol posto,
Anuncia derrocadas.
Resta a flor dos pessegueiros
Além da beira da estrada.

Conta a lenda que o santo
Envolveu-o em crisólitos
Com luzeiros transparentes
Selenitos colossais
Conta a lenda que o poeta
Em toda a sua plenitude
Transparente em juventude
Não envelheceu jamais.









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