domingo, 24 de março de 2013


FREDERICO



Frederico,
Hum!
Frederico…
Era um amigo meu que por falta de destreza,
Perdeu-se no mundo. No abismo da beleza
Que contem toda alma boa, pura…
Frederico sorria das dores, zombava das desgraças
Não existia o mal. Para ele as borrascas,
Eram estímulos à sua amargura…
Frederico,
Hum!
Frederico…
Pálido cândido ao extremo, otimista.
Pensava que os rubis, diamantes, ametistas,
Se encontravam em qualquer pedreira.
A todas conquistava e o cultivo do belo,
Fora o seu maior empenho. Este anelo
Levou Frederico a desgraceira.
Mas…
Apesar disto…
Eu gostava de Frederico…
Frederico
Coitado!
Frederico…
Certa vez encontrei, era tarde noite quente,
Ele andara 3 léguas – Frederico! Já lhe digo,
Repliquei aborrecido, deste presente
O teu último vintém ao primeiro mendigo!…
Frederico sorriu,
Encabulado.
Frederico…
Pobre Frederico!
Calças largas, camisas mal passadas,
Seu estômago, coitado em certa madrugada,
Não sentia o peso do café.
Todos desfrutavam suas venturas.
Aos amigos: livros, dinheiro, pinturas
Ao vizinho: o sapato grande do seu pé.
Frederico,
Pobre Frederico…
Pronto!
Agora
Tudo acabou.
Frederico morreu. Desconheço quais obreiros

O carregam. Apenas sei, quatro coveiros

Que herdaram velhas calças, camisas, sapatos.
E agora Frederico? – os sorrisos comprados
Noite de frio, dias de sofrimentos, mal grados
Em prol de amigos e parentes ingratos?
Eu, que de passeio
A sua campa
Sempre digo:
Frederico! Frederico!
Olha!
Uma coisa vou te confessar:
Não! Não!
Nem penses em elogios
Nem dizer que fostes santo,
Ou de sentimentos ricos!…
E que o homem, camarada,
Nasce bobo e por nada
Quer amigo.
Somos tolos…
Somos tolos…
Teu retrato
Frederico!   


 

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