Letre a mon fils
És o retrato do que fui, de uma grande parcela da criança
brasileira.
Sofridos,ultrajados, pelos pais-padrastos, que
biológicamente nos fizeram,
E
nos desconheceram.
Sem qualquer amor, somos o resultado de suas frustrações,
dos conflitos
De
suas vidas.
A negação dos seus sentimentos, a vingança do que eles,
possivelmente
Também
não tiveram.
Formando a cadeia do sofrer, da ignorância cega. O resultado
do sexo
Sem
o amor.
És o produto do que tinha tudo para dar errado, E que deu
certo,
Pela
sensibilidade,
Para provar que o imprevisível acontece quando se quer,
quando se nasce
Para crescer.
Como
as favelas
A
batata florescendo na Terra
As
bananeiras.
Isto nos fez maiores, porque nascemos fecundados de nos
mesmos.
Isto nos fez poetas, porque antecipadamente, conhecemos a
dor nos
Dias
verdes da existência,
Isto nos fez humanos, De longe conhecemos alguém com o
estomago vazio
E
a lágrima antecipada.
Embelezamos
porque flor
Voamos
porque cometas
Brilhamos
porque estrelas.
I
I
És o retrato do que sou, olhar marejado de alegria e dor,
distraído e
E
sério pensador.
Quase inútil, como o pensar sério sobre a vida, a razão
profunda sobre
Todas as coisas.
Quase inútil, como o
poema não lido, a música que não foi tocada, a tela
Em
branco.
Que insiste em ser lida, musicada, e com formas e cores que
tenham
Sentido.
E nada nos impele de seguir adiante, viver ou viver, não há
escolha.
Seguir
avante.
É a nossa proposta, o sangue nas veias, um sonho na mente,
Coração
pulsante.
Já que somos frutos da ignorância, de uma consciência vazia,
Canalha.
Temos que aprender a caminhar e ser feliz, no fio perigoso,
Da navalha.
Bebendo
o mel das flores
Observando
os poentes
Dançando
com os amores.
I
I I
Encara a dor de frente, pálido, sereno, com calma.
Não deixe que te agridam demais, guarda tua alma
Para
o que realmente importa.
Um olhar brilhante, um sorriso sincero, um leve beijo nos
lábios,
À
quem bater em tua porta.
Não tenha pátria, que a arte seja a tua nacionalidade, teu documento.
Passaporte.
O teu motivo de vida, o verdadeiro Caminho, teu prumo
E
norte.
O mundo é de todos, o mundo é um só, mesmo assim nos
sentimos
Estrangeiros.
E na realidade somos, nuvem que passa, chuva que deságua,
apenas
Passageiros.
Sem perguntar porque vamos, para onde, que nave é esta,
aquela?
Observa apaixonado este vôo, sem sofrer, como se estivesses em
Uma
janela.
O
passar das horas
A
criação das coisas
Observa
Deus.
IV
Tenhas sempre às mãos uma flor para ofertar e uma espada
Para
se defender.
Não negocies tua consciência, não exite felicidade se não
fores sincero
Contigo
mesmo.
Não penses demais a ponto de não seres feliz, nem pense de
menos a ponto
De
te prejudicares.
Ame demais a ponto de seres feliz ou infeliz, até que a
chama se apague
E
voltes a lucidez.
O estar só ajuda a enxergar a nós mesmos.
O estar só ajuda a sermos fortes, sem fazer da solidão uma
doença,
Ou um refúgio para não sofrermos. Ser natural é o óbvio para
Crescermos.
Até o cacto do deserto, espinhoso e áspero, é verde e contém
Beleza.
Macambira
coqueiros
Xanana
flor
v
Nunca estarei longe de vocês, nem na alegria e
principalmente,
No
sofrer.
Se sou feliz, devo a vocês esta alegria, esta vontade de
viver.
Este desejo de caminhar juntos, este consolo de ver nossos
cabelos
Brancos.
Esta preocupação de vê-los com saúde e felizes, dormindo no
silêncio
Dos
nossos abraços.
Na lembrança dos rostos juvenis, que agora amadurecem no
sono
Dos
justos.
Nada foi mais importante para mim, do que vê-los unidos e
felizes.
Nada foi mais importante do que vê-los sem a corrente que
traz
A
necessidade.
Nada foi mais importante para mim do que o carinho que vocês
Dedicaram-me.
Verde
caminho
Branco
sorriso
Brilhante
alvorada
VI
Guarda o amor que te
dou, cheio de brio,
Que orgulhoso contigo frente a frente,
Serei o teu escudo e o teu refúgio,
Nos teus dias de fé, dias descrentes.
Guarda o amor que te dou, amor crescente,
Para sempre será o
teu refúgio,
Ele fará de ti, homem
valente,
E será o teu conforto e relicário.
Não temerás tempos de pouca sorte,
Sabes que por mim foste adorado.
E nem lamentarás a própria morte.
O que importa na vida é estar em paz,
Sorrir, sem renegar o teu passado,
O homem vale pelo que ele faz.
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