Há um rio de palavras em minha terra que se transformam em poesia.
O Potengi é
Rio e poesia.
Brancas velas
Verdes cocos
Brisas Fortes
O que não queima no lajedo lapida
as almas das palavras.
Gás do candeeiro
Marrafa e vovó
Lida e cangaceiro
O que não mata engorda e
torna-se poesia.
Cabra da peste
Casa de taipa
Luz que alumia
E jogo de apoito, quem quiser
que pegue a poesia
Confeito
Chegança
Caninga
Zabumba
Sebito
Bufete
Vixe! Roubaram-me tanto que
quase levam o meu sotaque
Titia
Sendeiro
vexado
Mastigo, engulo e bebo de uma
lapada só o verbo das ruas.
Canguleiros
Caatingas
Retirantes
Pra não causar vuco-vuco,
lamber os beiços e adoçar o verso:
Roletes de cana
Pirão com mangaba
Beber
cajuína
Na Ribeira a poesia se
derrama e vai desaguar nas docas
Rocas da minha infância
Poço do Dentão
Feijão verde e mungunzá
Roda de côco e quengas
A cantar e dançar
A alça do califon da menina
deixa entrever os seios de pitombas
Que
embriaga sem ser cachaça
Que tonteio sem rodar
Liso, lerdo, leso.
Há um rio de palavras que
desembocam no mar da poesia
O luar de Pirangy tece filigranas de pratas com suas espumas ao olhar
Doira o poente de Areia
Branca com reflexos no imenso mar.
Eu, reposteiro guardo este
tesouro no matulão.
Mãos de rendeiras e dedal.
Há um rio de nomes na cultura
em que aprendi a soletrar
Câmara Cascudo
Auta de Souza
Ferreira Itajubá
Diógenes
Enélio
Dorian
“A tecer ouro fino, Ó to lindo.
Para no mar navegar.”
Há um rio de palavras e nomes
e lembranças que desembocam no mar de minh`alma e me faz versar
A antiga rua do Areal
Rio grande do Norte - Natal
Nenhum comentário:
Postar um comentário