segunda-feira, 25 de março de 2013


PARA ESPANTAR TRISTEZA


Ninguém que assumir o compromisso do
Enlaçar as mãos
Ninguém quer assumir o compromisso do
Repartir  peixe e  pão.
La fora um galo canta, um canto triste de cantar
Sozinho,
E o homem passa um passo pouco de passar
Mesquinho.
Deuses distantes desta terra d' homens
Descompromissados.


Não falem coisas que a tristeza tece
Prece
Messe
Não falem coisas que não tem apreço
Preço
Tropeço
Não falem coisas que o sangue arroja
Soja
Camboja
Não falem coisas que não tem valor
Dor
Amor
Não falem coisas que da nos piedade
Orfandade
Liberdade


Não teçam tristezas, não falem de guerras
Eras
Feras
Não falem de coisas que a morte consome
Nome
Fome

Falemos de coisas
Que nós já não temos
Que nós já perdemos
Tentando mudar.
Luares, falenas,
Fandangos, avenas,
Canções de ninar.
Das noites de prata


Das nuvens de nata
Do cheiro gostoso
Tão simples, mimoso,
Que tem o alecrim.

Cadeiras, calcadas,
Meninas rendadas,
Rapaz de carpim.
Da água de bilha
Da benção da filha
Que nós já esquecemos
De abençoar.
Podemos falar,
Violas
Zabumbas
Marimbas
Pandeiros

Congadas
Cheganças
Reisados
Podemos cantar
"O lá da proa
O lá da proooa"
Não falem coisas que a tristeza tece
Que nós entristece
Que não tem apreço
Que o sangue arroja
Que dá-nos piedade
Que a morte consome
Preço
Camboja
Liberdade
Fome

Não falem coisas que já não tem valor
O amor

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